quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Quando eu era criança a coisa que eu mais queria era ser grande.
Eu acreditava que a força e a coragem cresciam junto com a estatura física.
E por mais que me dissessem que a infância era boa,
eu me sentia insegura, pequena, impotente.
Tinha mais obrigações do que direitos.
Tinha mais tristezas que alegrias.
Desde minha primeira memória me vejo infeliz e preocupada.
Comecei a fazer planos,
pensei em inúmeras vidas diferentes,
sempre longe, sempre nova.
De repente a vida começou e eu não percebi.
Enlouqueci.
Abracei tudo o que ela me deu,
o que era bom e o que era péssimo.
Aí aprendi que existiam escolhas.
Admirei pessoas,
platonizei outras vidas.
Assim como a daqueles que estavam sempre seguros,
que sempre tinham respostas prontas e inteligentes,
e até dos silenciosos e misteriosos,
ou dos respeitados oradores,
a quem tanto eu adorava.
A surpresa é que o revolucionário hoje trabalha para o governo,
a pessoa mais misteriosa é a que mais se tornou fútil,
quem buscava a simplicidade hoje expõe seus bens,
os apaixonados perderam a imaginação,
o cheio de estilo ficou careta,
os "mente aberta" se tornaram preconceituosos,
os ateus estão batizando seus filhos,
os poderosos são hoje um fracasso.
A mim sobraram
as minhas escolhas e a sorte
por ter testemunhado isso tudo e ainda ter vivido.