Essa é a história de uma jovem bonita e inteligente,
mas que não consegue ser feliz...
"És um insensato em busca daquilo que não se encontra neste mundo"
Gente, gente, gente, gente, gente.
Fico desnorteada, atemorizada, não posso com multidões.
É um mundo muito grande com coisas que não posso controlar.
Uma multidão é uma vitrine muito grande e eu não sou um um bem de consumo.
As pessoas não são todas iguais, mas são muito parecidas.
Elas se deixam pensar, agir, falar, comprar. Elas se importam, mas não conseguem ver.
Desde minha época de escola quando eu fazia redações sobre a alienação eu enxergava isso tudo muito claramente. Vai ver é por isso que a professora Jane gostava tanto de mim. Eu sentia um afeto especial dela para comigo, só não sabia precisar porquê. Até no Show de Talentos da escola, quando as garotas-pop da sala fizeram uma apresentação de dança dos Backstreet Boys, que estava no auge, foi o nosso grupo que fez uma apresentação singular de jazz que ela elogiou. Claro que para a juventude backstreetboyzada, a nossa foi apenas uma atração. Vai ver a professora Jane passou por isso um dia e sabe bem o preço de ousar. Talvez fora hostilizada no colégio por ter a estatura mais baixa e mais magra que as outras crianças, ou tenha recebido olhares esquisito algumas vezes no ônibus por manter seu cabelo curto e isso levar, talvez, à dúvida da sua feminilidade. Não se sabe. Acontece que a ternura é algo que ressoa através dos anos, e dessa que ela tinha por mim, em atos discretos, eu nunca me esqueci.
Malditos paradigmas da atuação humana.
Pode parecer que eu reclamo demais.
Eu penso demais, se é isso o que quer dizer.
E por mais que eu não queira ver um mundo perfeito, insisto em achar que o nosso está errado demais.
É que tem sido tão difícil pra mim!
Se meus problemas fossem materiais, conseguindo enxergá-los é provável que eu saberia como agir.
Já pensei em tomar remédios, em me esconder no meio da multidão. Mas definitivamente, ser igual não é pra mim. Aceitar tudo e não pensar não dá certo comigo. Sou viciada em reflexão e essa doença vai até o final.
Estou cansada porque estou lutando com sombras e desconheço o sentido da vida e a meta disso tudo aqui, portanto não consigo arquitetar um plano para cumprir bem o meu papel. E se não houver razão? E se não precisar haver? Não seria mais simples relaxar um pouco??
Estou sozinha porque não consigo encontrar conforto em lugar nenhum.
E estou com medo, porque sei que muita gente lê isso aqui e fica achando que eu sou uma fraca.
Inclusive cansei de ter medo e ter que me manter forte e sorridente, para que não critiquem as minhas escolhas.
Escolhi o que era melhor e não me arrependo de nada até agora, se é que vem ao caso dizer isto.
Não sei se isso vai acumulando, mas estou me sentindo pesada de críticas e isso me incomoda, apesar de eu saber que todo mundo faz seu próprio caminho sofre com isso. O que importa é que eu mesma me critico pouco. Só que eu tenho medo de errar sempre, até quando falo, principalmente quando falo com pessoas "maiores". Porque em todo momento que eu me lembro tinha alguém do meu lado prestando a atenção em tudo o que eu fazia e falava só pra dizer que não era assim.
Minha insegurança pode ser que tenha vindo de berço.
Mas é isso, começo com questões incômodas e termino sem respostas mais uma vez.
E não me critique, porque cada um tem seus defeitos.
Estar periodicamente infeliz é o meu.