quarta-feira, 16 de abril de 2008
E ela cresceu e ainda vivia chamando a si própria de menina.
É engraçado como a vida parece várias coisas ao mesmo tempo.
Porque parece que foi ontem que ela se aborrecia com a solidão que dizem não existir na infância.
Todos os dias serviam para esperar crescer e viver a própria vida.
E esse tempo chegou, mas nunca se pode perceber com clareza.
Quando se é criança, a gente pensa que vai virar uma outra pessoa super-poderosa quando virar adulto.
Só que não se vira adulto.
(...)
Bem, é claro que é ótimo se sentir mais confiante.
Mas é mais solitário também.
E não adianta encontrar alguém, porque nem todos os minutos se pode compartilhar o que acontece por dentro.
O negócio é encarar que a vida é mesmo solitária,
que o silêncio às vezes é o melhor remédio.
E eu não vou deixar de ser feliz às vezes porque minha cabeça é igual novelo de lã.
Não é mais difícil me aceitar porque eu tenho o dom de não mentir pra mim.
Auto-sinceridade foi a melhor coisa que eu já desenvolvi.
(Fora o Allan)
terça-feira, 1 de abril de 2008
"Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro na mata livre
em que a voar me viste.
Tenho água fresca num recanto escuro.
Da selva em que nasci;
da mata entre os verdores,
tenho frutos e flores,
sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
de haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde,
construído de folhas secas,
plácido, e escondido.
Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes?
Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...
QUERO VOAR! VOAR!"