sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

"O medo do tempo que passa faz falar do tempo que faz"
Hipólito, em "Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain".

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O carnaval aquele ano tinha sido uma zona. ´Como todos os anos´, pode-se pensar. Mas, não, não houve durante a história doideira maior do que aquela, enquanto os velhos se afogavam na cachaça e se jogavam os descarados em cima de suas noras. Os mais novos, por sua vez, devidamente unidos pelos laços do matrimônio, deliciavam-se com as bundas de mulheres dez ou vinte anos mais novas que as suas digníssimas esposas. As esposas bebiam e fingiam se divertir com tantos olhares que seus peitos atraíam. Por isso seduziam quanto mais homens podiam, só para ver se o seu poder ainda estava em alta. Os filhos, crianças, adolescentes, estes viam aqueles dias como os dias da libertação. Bebiam, pulavam, destruíam e gritavam. Isto quando não liberavam seus instintos mais reprimidos e andavam com os pintos de fora. Dormir era pouco lembrado, mas se viam corpos caídos pelas ruas como se todos os mendigos de São Paulo se juntassem em uma só cidade pequena. Mesmo assim, não havia tragédia, após repor as energias, os foliões se levantavam e, antes mesmo de ingerir seu pó, davam uns animados pulos carnavalescos. A loucura foi total. Todos aqueles dias, o povo se viu liberado da grande culpa de ter nascido, e se divertiu quase até a morte. Mas a quarta-feira de cinzas chegou. As mesmas cinzas de que fênix renasce são colocadas na cabeça de todo fiel, exigindo, assim, um novo banho. Eis que estavam os carolas, fiéis de sempre dentro da igreja. Eles e mais alguns não tão fiéis assim, freqüntadores de assembléias natalinas, pascais e das quarta-feiras de cinzas. Talvez esse povo nem cresse tanto em tudo aquilo, mas tentados pela dúvida cruel, preferiam estar protegidos para a quaresma. As portas da igreja estavam abertas, e, pouco a pouco, foram se reunindo do lado de fora arrependimentos e culpas. As pessoas chegavam, atiravam aos pés da porta objetos de uso naquele carnaval e iam embora, julgando-se livres. Alguns ainda entravam e ficavam em algum canto, esperando a cerimônia e suportando centenas de olhares de reprovação. Depois de um tempo, acumulou-se nas portas da igreja, um grande número de vibradores, latas de cerveja, tubos de canetas ´bic´, chantillys e calcinhas com trombas de elefante. O público, atônito, foi esperando que aquilo se acabasse logo, mas o momento se prolongou por mais de meia hora. Por fim, um grupo de rapazes trazia um velho bêbado, acabado, que dizia não ter família. O safado tinha sido flagrado com todo o tipo de mulher, casada, feia, aleijada, gorda, peituda. Como se recusava a se curar do porre, deveria ficar ali, na quarta-feira de cinzas, com os restos do carnaval. Ao cair sentado na calçada, murmurou algumas palavras que só quem estava por perto conseguiu entender, mesmo estonteado pelo bafo. Ele dizia que queria se divertir, antes que os dias finais lhe viessem. O safado era o padre.
Quarta-feira de cinzas é uma estratégia da igreja para que as pessoas comecem a ir na novena.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

sobre as couves

O barulho dos pingos da chuva me chamou até a janela. Eles batiam em algum tipo de telhado de metal, e por isso, pareciam uma cantoria natural.
Ali perto um cachorro tem seu almoço servido. O almoço dos cachorros sempre tarda, por isso eles sempre pensam estar jantando.
Atrás das árvores que tem suas folhas balançando, um varal cheio de roupas me incomoda. Estão tão molhadas que será impossível usa-las sem uma nova lavagem. Não consigo ser menos metódica neste ponto.
Em outro terreno há tijolos e areia molhada. Mais uma construção. Desde que se mudaram, essas pessoas constroem a casa pouco a pouco, primeiro por dentro, depois a garagem, depois a lavanderia, depois outro cômodo. Quando tudo estiver terminado, a parte por que se começou já estará velha, e será preciso fazer tudo outra vez. Por outro lado, se tudo ficasse pronto ao mesmo tempo, a casa teria de ser refeita, um dia, em sua totalidade. Para onde iriam as pessoas da casa quando a reforma se iniciasse?
Estou doente e não posso permanecer na janela, mas as folhas verdes prendem-me por minutos. Aquelas folhas que deixam, delicadamente, escorrer por sua superfície pequenos pingos de chuva, que parecem dançar pelos telhados, pelas calhas, pelas folhas, até chegarem ao solo. Algumas pessoas chamam as folhas verdes de drogas. Eu as chamo de couves. Drogas se referem a coisas que não são boas, e de jeito nenhum eu chamaria as folhas verdes assim. Mas nem todas as pessoas apreciam, como eu, as couves. E poucas pessoas apreciam o que não lhes faz bem. Porque, mesmo as pessoas que querem morrer, querem, de certo modo, viver. Os seres não estão preparados para reconhecer que certo dia chegará e os fará pó, insignificantes, e que com um sopro se espalhará e se desunirá para sempre. Para sempre ou até que o Universo se mova de maneira incomum, juntando suas migalhas que ao fim voltarão a constituir um amontoado de pó. Um corpo morto é apenas um corpo morto, relíquia de um corpo vivo. E as pessoas terão sua morte, como talvez pouco tenham tido sua vida. E se sobreviverem, será na memória de quem as esbarrou por aí. Será na lembrança que deixaram neste mundo, como uma pegada marcada no chão, que alguém, em sua pressa cotidiana, vê e se pergunta: “quem fez isso? Quem foi essa pessoa?” Mas que não voltará a ter sua história reconstituída, nem com milhões de fatos reunidos sobre sua vida. Os momentos que se escondem em algum lugar e banham um rosto com lágrimas e pesar, os momentos em que o que se tem é o silêncio e a ausência de linhas, estes nunca serão lembrados, nunca serão reconstituídos, mesmo que se estude, durante uma vida inteira sobre a miséria de uma alma.
Ah, sim, as couves. Ao olhá-las agora tento rastrear um caminho seguro para apanhá-las. Não estão sobre o território que eu vivo. Território, inclusive, que igualmente não me pertence. Penso em apanhá-las dessa forma porque não me encanta o modo simples de busca-las em um mercado, trocando-as por níquel. As couves para mim são mais do que isto. Elas valem uma aventura. Mas sei que o que penso é considerado errado, como sei que não o farei. Estes galhos enormes de folhas verdes me remetem a anos atrás. Era o tempo em que eu via o quintal de minha avó – o mais lindo e variado de todos – como um campo de realizações destinado a mim. E ali eu percorria cada metro, em busca da maior e mais perfeita folha de couve. (O ser humano ainda se importa muito com tamanho e beleza.) Quando a encontrava, ela se tornava única para mim. Comia-a com bastante vinagre e sal, pois mesmo as coisas melhores do mundo ficam perfeitas apenas com o toque de um tempero (mas minha coelha Danna comia couve sem sal). E eu comia aquela folha de couve enroladinha com água na boca – como agora – mastigando com dificuldade por causa do sal e da acidez. E não era o doce morango com açúcar que me fazia feliz.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

cu d blogggg
piração
piração total
sei lá
croc croc croc croc (...mastiga)
pléshti (Liv se lambe)
-mas você já é folgada, cachorrinha (diz rodrigo)
everything dies (música ao fundo)
croc croc croc croc
(...bjos)
rodrigo ri
iskeci

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

odeio meu irmão porque ele é filho do pai dele.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

tudo igual.
tudo da mesma maneira.
tudo.
eu tentei.
eu tento.
mas tá tudo igual.
cansada!
extremamente exausta.
=/
porra de casa que eu nem sequer tenho um canto pra chorar em paz.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

O rod_zombie foi um grande passo para nós. O lacrimatorium deixou de tomar tanto a atençao e carregou consigo o lado obscuro do passado. Não foi completamente esquecido, assim como todas as nossas angústias ainda tem um lugar em nosso coração, mas ele permitiu que coisas estranhas como lagrimas, mentiras e desilusoes ficassem para tras. Da mesma maneira como Lady Saturnine ha tempos se foi, deixando violet a mostra, como o lado frio do inverno, mas nem por isso triste. Violet, a mais linda das cores que zombie trouxe a minha vida.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

a partir de hoje posso dizer que tenho curso superior completo.
=)





quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

I´m so afraid...

O que mais poderia eu querer?
Mas a inutilidade de se sentir incompleta sempre cerca as minhas frageis janelas.
Tantas perdas eu jah tive...
Tantas desgraças,
que as vezes acho que elas eh me carregam como um fado luminoso de sua existencia.
Ao mesmo tempo que sinto-me superior a todas aquelas pessoas que excomungo por nao serem capazes de encarar a vida,
sinto-me fraca e infeliz por parecer tao tola remando meu barco em direçao as ondas que me cobrem.
Tenho medo de estar mesmo sozinha.
Ele está ao meu lado.
Ateh quando?
Ira ele suportar minhas injurias,
meus fracassos e miserias?
Ateh quando?
Porque penso num futuro agora,
se nem sei se meu amanha vira?