Pela décima vez acordo tarde.
Manhã de segunda-feira.
Deixo minhas obrigações de lado,
não tomo meu café nem meu almoço
que é para o torpor durar mais tempo.
Estou ouvindo músicas que já julguei,
lendo poemas e versos procurando algo.
Sequer palavra.
Pela décima vez comprometo-me comigo,
não falo mais sobre o sentir,
não vou me sentir humilhada por respostas ocultas,
de culpa,
ou piedade.
Não vou dizer o que significam os anos.
Nem tentar me convencer que eu quis mudar o destino.
Apesar de me expressar tanto,
tem coisas que nunca conseguiria dizer e explicar de modo plausível,
e isso é o que me sacode por dentro por vezes.
E se é aos sussurros que te deixo escapar as frases,
que culpa tenho se queres ouvir?
Lembranças são vidas próprias dentro da mente.
Duas ou mais pessoas vivem um fato
e lembram-se dele de modo distinto.
Fantasiam junto ao fato e guardam isso até a morte.
Até quanto podemos guardar?
Se eu não tivesse acima me comprometido a não dizer,
até tentaria descrever as minhas lembranças pouco fantasiadas.
Porque a minha poesia agora é mais que pura e intrínseca,
não há mais academia.
No mais estou ótima.
Crescendo mais do que você.
Mas é que agora sou muito mais mulher que antes.
Sempre houve algo insuperável e alguma evolução da minha parte.
E acho que vai ser sempre assim.