sexta-feira, 3 de abril de 2009

"Quem tentar possuir uma flor,
verá sua beleza murchando.
Mas quem apenas olhar uma flor num campo,
permanecerá para sempre com ela.
Porque ela combina com a tarde,
com o pôr-do-sol,
com o cheiro de terra molhada
e com as nuvens no horizonte."

Temos uma certa missão com cada coisa que aparece em nossas vidas.
E após essa missão não há nada mais que deva nos prender a ela,
pois haverá sempre a sensação de que algo não está sendo como deveria.
Não temos como congelar ou prolongar os momentos.
Apenas o tempo que passamos com nossas flores farão delas únicas no mundo.

Desse modo,
chega sempre a hora em que se diz adeus.
E o sentimento de nostalgia,
de sentir saudades antes mesmo de tê-la deixado.
Porque deturpamos essa despedida.
Dizemos adeus a um certo futuro,
porém as lembranças ficarão,
tal como a flor que não se possui,
mas que continua em nós.

Os ciclos se fecham da mesma maneira que se iniciam.
É difícil se desprender mas,
precisamos ter consciência de que pelo menos uma parte do que deixamos foi bom.
E se damos crédito à intuição e ao sentimento
sabemos bem a hora de partir.

É chegada a hora.
Mesmo que a Lua cresça no céu,
em mim agora parece minguar.
Mas é só uma impressão,
porque está vindo e logo o novo ciclo.

É o tempo de ser paciente.
Colocar tudo em seu lugar.
E começar da maneira correta.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

"— Para que servem os espinhos?

O principezinho jamais renunciava a uma pergunta, depois que a tivesse feito. Mas eu estava irritado com o parafuso e respondi qualquer coisa:

— Espinho não serve para nada. São pura maldade das flores.

— Oh!

Mas após um silêncio, ele me disse com uma espécie de rancor:

— Não acredito! As flores são fracas. ingênuas. Defendem-se como podem. Elas se julgam terríveis com os seus espinhos ...

Não respondi. Naquele instante eu pensava: "Se esse parafuso ainda resiste, vou fazê-lo saltar a martelo". O principezinho perturbou-me de novo as reflexões:

— E tu pensas então que as flores ...

— Ora! Eu não penso nada. Eu respondi qualquer coisa. Eu só me ocupo com coisas sérias

Ele olhou-me estupefato:

— Coisas sérias !

Via-me, martelo em punho, dedos sujos de graxa, curvado sobre um feio objeto.

— Tu falas como as pessoas grandes!

Senti um pouco de vergonha. Mas ele acrescentou, implacável:

— Tu confundes todas as coisas ...

Misturas tudo !

Estava realmente muito irritado. Sacudia ao vento cabelos de ouro:

— Eu conheço um planeta onde há um sujeito vermelho, quase roxo. Nunca cheirou uma flor. Nunca olhou uma estrela.

Nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa senão somas. E o dia todo repete como tu: "Eu sou um homem sério! Eu sou um homem sério!" e isso o faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo!

— Um o quê?

— Um cogumelo!"