sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O segredo do túmulo de Elena

Esta é a crônica de um amor que começa onde acabam os demais. Uma história de amor impossível entre um cadáver e seu raptor. Um conto mórbido com a sutileza de um casal impossível. Carl von Cosel amou, mimou e coabitou em seu leito com o corpo sem vida de Maria Elena Milagro de Hoyos durante 7 anos. Marionete de sentimentos, alucinações e paixões, Elena foi consorte pós morte de um homem enigmático e obsessivo que, graças à empatia gerada por sua história, foi exonerado pela lei e indultado pela sociedade.

A mórbida história sempre foi contada na internet através de seu lado obscuro, sem concessão alguma ao romantismo. É interessante contrastar os fatos salpicando a narração com as perspectivas de von Cosel, extraídos de sua autobiografia "The Secret of Elena’s Tomb" (1947) e das entrevistas e declarações tomadas em seu julgamento.

Romeu sem Julieta.

Em 1927, com 50 anos, Carl von Cosel abandonou a família em sua cidade natal, Dresden (Alemanha), e emigrou para Key West, Flórida. Carl era um homem maduro e carismático; instruído, com vários títulos e disposto a começar uma nova vida. Logo encontrou trabalho como radiologista e patologista no Hospital da Marinha. Era um homem afável e de trato fácil que surpreendia por sua inteligência e habilidades. Construiu uma oficina em sua casa onde projetava seus delírios transformados em estranhos aparelhos elétricos, órgãos musicais e inclusive, com tempo, chegou a reconstruir um imponente avião utilizando ferro-velho e material militar reciclado que batizou com o nome de "Condessa Elaine".

O Hospital da Marinha, próprio do exército americano, estava repleto de pacientes masculinos. A única mulher ali era uma cozinheira bigoduda de 150 quilos. Mas em abril de 1930 uma nova paciente necessitou do atendimento de Carl Von Cosel.

Elena Milagro de Hoyos era uma bela e jovem modelo cubana filha de um comerciante de fumo, e estabelecida na Flórida com seus pais e duas irmãs. Na primavera de 1930 Elena foi tomada pela tuberculose que já havia dizimado tantas famílias. O pai aproveitou a amizade a base de subornos com um médico do exército para desfrutar de um vasto exame médico no melhor hospital do condado.

A primeira vez que se viram vivos, Carl registrou a imagem que lhe perseguiria o resto de sua vida:

... vestia um vestido colorido de primavera cuidadosamente passado. Ao redor de seu pescoço um colar de pérolas artificiais. Tinha pernas esbeltas, um cabelo negro liso e longo que balançava sobre seus suaves e bronzeados ombros. Ele evitou seus olhos, mas não seus seios que insistiam em pular nervosamente no decote por culpa da maldita tosse.

A partir deste momento Von Cosel traçou uma obsessão. Convencido de que tinha sonhado com ela durante décadas e que estava destinada a ser sua esposa, focou sua existência a cultivar inteligentemente o apreço e a estima de Elena. No caminho da sedução perdeu sua lucidez em troca de estranhos inventos e poções mágicas que buscavam a milagrosa cura de sua amada. Gastou uma pequena fortuna em uma bobina de Tesla com o objetivo de induzir descargas curativas na amada Elena. Iniciou um tratamento experimental e inovador de raios X e chegou até a utilizar pó de ouro que combinava em seus xaropes curativos. Nem Elena nem sua saúde corresponderam, simplesmente ela encontrou em Carl o último ombro onde se apoiar antes do presumível desenlace.

Morte e Ressurreição

Em 25 de Outubro de 1931 Elena Hoyos morreu na casa de seus pais aos 22 anos. Carl permaneceu junto ao seu leito até o último minuto enchendo-a de vãos cuidados e atenções:

- "...quero ser teu enfermeiro, teu amo, teu amante, teu marido... quero cuidar de ti para sempre ou voar contigo às estrelas!"

O desenlace, devastador, deixou von Cosel novamente só e consternado. Não poder ajudar, curar sua amada em vida desencadeou sua loucura com a morte. Convenceu à família para pagar o enterro e construir um enorme mausoléu de mármore desenhado pelo próprio Carl. O caixão metálico tinha alguns dutos para fornecer formol e outras substâncias que conservassem o corpo do cadáver. Noite após noite, von Cosel sentava-se junto a seu sarcófago e começava a se comunicar com Elena. Até que um dia, segundo ele, ela suplicou que fosse tirada daquela "prisão" para que pudessem estar juntos.

Nas primeiras noites Carl aproximava um espelho da boca Elena esperando que o fôlego embaçasse o vidro. 700 noites de conversa mais tarde, na lua nova de abril de 1933 von Cosel decidiu enfim exumar na escuridão o cadáver de Elena para levá-lo a seu novo lar: a fuselagem do avião que construíra, o "Condessa Elaine".

Durante os seguintes sete anos, Von Cosel fez tudo de humanamente possível para manter a sua amada próxima dele; em corpo e alma. Amarrou os ossos com cordas de piano, preencheu seus órgãos desidratados com trapos empapados em líquido embalsamador e canela chinesa. Parte por parte, foi fortalecendo sua pele com trechos de cera e seda, construindo uma máscara de sua face que lhe servia de molde nas manutenções. Tratava regularmente sua pele com loções, poções e eletro-terapia mediante a bobina de Tesla. Substituiu sua podridão com olhos de vidro, e fabricou uma peruca com os cabelos que perdeu durante tanto tempo. Vestiu-a com um traje de casamento, véu de renda branco, tiara e alianças e , depois de perfumá-la com azeites, ninava-a em sua cama com as melodias que tocava no órgão de fabricação caseira.

Passaram se os anos e os rumores e a crescente introversão de von Cosel levantaram as suspeitas de seus vizinhos. Nana, a irmã de Elena, odiada por Carl por ser uma "cópia em carrara" da irmã e que sempre foi hostil com ele, se propôs a pesquisar as fofocas dos vizinhos. Uma certa noite espiou Carl através de sua janela observando o ritual diário de tanatopraxia; assustada saiu correndo para denunciar o falso cunhado para as autoridades. von Cosel foi detido por profanação e assim aguardou à espera de julgamento.

Carl von Cosel e seu advogado

Os acontecimentos provocaram frenesi nos meios de comunicação à época. A funerária virou um ponto turístico, exibindo o corpo de Elena durante três dias. Mais de 6000 pessoas foram até lá para ver seus restos.

Muitos simpatizaram com o radiologista, achando que o que ele tinha feito era maravilhosamente romântico. Os fãs levaram presentes, apoio e consolo a sua cela; inclusive um grupo de prostitutas cubanas ofereceu seus serviços de forma gratuita. Dois admiradores pagaram a fiança de 1.000 dólares e von Cosel foi para casa esperar a data do julgamento.

Infelizmente para Nana, o delito de Carl tinha prescrito. Carl depois de posto em liberdade foi ironicamente declarado sensato sem pena alguma.

O amor de Carl por Elena foi interminável e assim permaneceu, inquebrantável. Em 3 de julho de 1952 Carl foi encontrado morto abraçado a uma efígie de cera de tamanho natural de sua amada.


"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura".

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"eu não me importo com o que as pessoas falam,
eu nunca acreditei nelas.

Alguns fazem você sorrir,
outros te fazem chorar,
mas a verdade é que

todo mundo vai te machucar
.
A dor não tem limite,
ela te destrói por dentro,

e aos poucos te destrói por fora.
Somos obrigados a viver em mundo
que mais parece uma prisão.

Enquanto alguns fingem que está tudo bem,
outros fingem que nada está acontecendo.
Muitos gostariam de ver você tropeçar,
e poucos gostariam de ver você vencer."
Hoje eu sonhei com ratos.
Primeiro era um só, e saía de baixo da cama que eu dormia.
Foi alguém atrás de mim que me alertou.
Subi na cama e fiquei com medo, e esse alguém o matou.
Aí pensei que se tinha um rato, poderia ter mais.
De fato, embaixo da cama, dentro do colchão havia um ninho de ratos.
O sonho acabava aí, mas tenho a impressão que iríamos acabar com eles.

"RATO
De modo geral sonhar com rato indica- problemas financeiros na família; amizades traiçoeiras, intrigas e prejuízos nas empresas novas. Procure não fazer negócios nos próximos dias."

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Nostálgica estou hoje.
Estou me achando deveras ridícula por querer que você me chame de "meu amor".

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Querido Diário

Estou escrevendo para dizer que estou muito feliz porque ontem foi um daqueles dias raros de reconhecimento pelo trabalho que tenho feito com muita dedicação. Por outro lado estou triste porque não tenho com quem compartilhar a minha alegria. Acontece que moro em uma cidade em que não conheço quase ninguém, vivo para trabalhar e para minha família, marido e filho bebê, e nos finais de semana não me resta nada além de descansar ou me dedicar um pouco mais a eles. E, mesmo estando tão isolada aqui, eu gosto dessa cidade, creio eu que meu pesar é muito pouco pelos que deixei pra trás. Não me arrependo. Acho que os que ainda merecem minha atenção são os que tenho até hoje contato.
Já tive várias conquistas em minha vida. Todas aconteceram de forma muito lenta, porque o ritmo da minha vida parece ser acelerado demais. Eu não sou filha de família rica, nem de família eu sou, aliás, a família que eu tenho foi a que eu construí. Tudo o que eu tenho fui eu mesma que busquei. Não sou médica ou advogada, mas me formei com a segunda maior nota na monografia da minha turma, do mesmo jeito que entrei na faculdade com pontuação em segundo lugar do curso. Me formei com 21 anos. Não ganhei um carro quando me formei, muito menos quando passei no vestibular, mas acabei de comprar um com meu próprio suor e sacrifícios. E foram muitos! Não tive um casamento esplendoroso, até porque nunca me casei de verdade. Mas tenho tentado não deixar o meu amor morrer porque penso que se estamos juntos é pra dar certo. Meu filho nunca teve um quarto dos sonhos, sequer tive um parto decente. Mas ele é criado com amor, e tenho pensado muito nos últimos dias em como fazê-lo se sentir sempre bem, sempre querido; e apesar de não ter sido planejada sua vinda, isto ele é. Eu tenho trabalhado com comprometimento e seriedade, até porquê não consigo fazê-lo de outra forma. Tenho batido metas, encontrado possibilidades, enfim, tenho feito da maneira que eu acho correto. Apesar disso, nunca ganhei nada a mais por isso. Até ontem.
Ontem eu conheci a diretora nacional do segmento em que trabalho. Muito simpática por sinal, me elogiou várias vezes, falou sobre meu método de trabalho, meu talento para os negócios, meu comprometimento com a empresa. Fui amplamente reconhecida pelos 1500% de crescimento que proporcionei para a empresa nos últimos 6 meses. É a minha função. A empresa recebeu um notebook de presente pelo Primeiro Lugar na competição por vendas. Almocei com gente importante, fiz contatos profissionais que acredito que poderão, no futuro, me levar a algum sucesso. Conversei com o representante regional que trabalha nessa grande empresa há 35 anos. Ele me forneceu informações e ofereceu ajuda para qualquer tipo de negociação. Me senti honrada. Igualmente ele simpatizou comigo. Talvez tenha visto em mim o mesmo entusiasmo que tinha quando começou. E que conserva até hoje, diga-se de passagem. Tiramos fotografias, a empresa recebeu o certificado parabenizando pela conquista, recebemos o prêmio e nos despedimos dos personagens importantes que mudaram por um dia a nossa rotina.
Hoje eu sou uma empregada normal. Cheguei no trabalho sabendo que tenho uma meta a cumprir, que minhas contas pagas dependem do meu desempenho e que tudo o que eu faça aqui, por mais estraordinário que seja, é só o meu trabalho e a minha obrigação. Chego cedo, abro meu email e logo leio:

"Olá Barbara, são exatamente 22,50 hs e agora que acabei meu trabalho queria te dizer que fiquei muito feliz em lhe conhecer,tenho certeza que iremos fazer bons e grandes negócios juntos, disponha sempre que precisar, fique com Deus que ele te proteja sempre.
Um beijo em seu coração !!!"

Do representante regional da grande empresa. Quase um mito, que transforma trabalho em vida e não o contrário.
Era a inspiração que eu precisava. Já posso voltar a trabalhar. Aqui, sozinha em minha sala, colho os louros invisíveis do meu empenho, esperando que continuem as conquistas a meu favor.
É isso.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"E você me falou de uma casa pequena
Com uma varanda, chamando as crianças pra jantar
..."