terça-feira, 15 de junho de 2010

O inferno são os outros,
porém é inevitável a convivência.


¬¬

O importante é não permitir que o inferno passe a seu o eu.
Que o existencialismo se limite ao poder da solidão e do imaterial.
Assim, o mundo ainda pode ser aproveitável.
De certa forma.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Não quero ser uma princesa.
Não tem nenhuma graça em olhar da sacada a vida passar.
Pintar as unhas e deixar as bochechas rosadinhas pra dar um ar saudável.
Decididamente, não e nunca jamais essa sou eu.
Ai ai, por quê será que eu ando tão insegura?
Tem alguma coisa que me chateia.
Meu corpo de mãe nem mudou tanta coisa assim.
Algumas estrias e flacidez aqui e ali,
uns quilinhos que mandei embora e voltaram como bumerang,
fora isso, tudo certo.
Ainda continuo muito mais magra que muita adolescente por aí.
E com curvas.
E daí?
Meu deus, o que quer dizer as curvas de uma pessoa?
Se eu olhar para o tipo de menina que eu gostaria de ser na rua
imediatamente imaginarei meu marido esticando os olhos pra cima dela.
É a porcaria da garantia.
A gente sempre sabe que tem gente melhor e pior do que a gente.
E sabe que algumas coisas que a gente tem os outros nunca chegarão a ter igual.
E não humilha os piores, mas teme um pouco os melhores.
E que garantia tenho eu de que toda nossa história é maior que um par de peitos?
Tá certo, você me diz e eu prefiro acreditar.
Aliás, se for menor, é melhor que vá embora mesmo.
Eu sei viver sem quase tudo nessa vida.
Estou sendo um pouco injusta, eu acho.
É você que me acorda, faz a minha janta, me leva pra trabalhar.
Sou grata a você e te gosto muito mesmo ainda.
Não sei como você consegue ser tão tranquilo e não ter os mesmos medos que eu.
Não que eu dê motivos, claro.
Ai, céus! Claro que você também não dá.
Mas não, isso aparece algumas vezes na minha cabeça.
Não me acho feia quando olho no espelho.
Bom, às vezes até acho umas belezas que não reparava.
Certo, deixemos a beleza de lado,
não que ela não importe, mas é que pra mim isso não leva a lugar nenhum.
Cansei de ter comentários no meu fotolog dizendo "linda! beijos".
Nunca ganhei um tostão com isso.
Ok, beleza de lado, estamos entendidos?
Vamos falar sobre o tempo.
Porque o medo do tempo que passa faz falar sobre o tempo que faz.
Está frio!
Não, também não tenho medo do tempo que passa,
as rugas não me incomodarão.
O que acontece é que o tempo passa e parece que estou numa viagem de carro.
Durmo, acordo, continuo rodando, entra gente, sai gente, às vezes fico enjoada.
Fico feliz com os lugares, as paisagens e pessoas que encontro.
Tenho conhecido muita gente boa, por sinal.
Nessa minha viagem às vezes o carro para sem motivo.
Aí fico louca pra saber o que está acontecendo.
Minha impaciência juvenil volta a bater na porta
e fico chateada.
Às vezes dirijo, outras estou no banco de trás, esperando e pensando.
Penso demais?
Vivo situações e dias e histórias na minha mente por causa de uma só palavra?
Olha, eu acho que sim.
No fundo eu gosto de pensar bastante,
porque eu imagino a maior gama possível de situações e seus prováveis desfechos.
E no final rio quando acontece algo inimaginável.
Pois bem, a minha vida é emocionante mesmo quando não consigo achar uma emoção.
E o que importa, na verdade é que meu carro está indo pra frente.